domingo, 5 de fevereiro de 2012

Linda e psicopata

A personagem Clara da novela “Passione” da Globo, com desfecho em janeiro de 2010 ilustrava o tipo de vida sem alteridade que, como epidemia, tomou conta de milhares de jovens modernas. Linda como um raio de sol, era, também, vingativa, interesseira, destruidora, mentirosa, cavilosa e cruel. Meio ninfa, meio versão feminina de Narciso, seduziu a quantos quis, mentiu quanto quis, tentou matar, fingiu conversão e terminou seus dias punida pelos seus próprios desvios. Explodiu. Caberia muito bem no texto de Hesíodo, Os Trabalhos e os Dias, escrito cerca de 800 a.C. Caberia bem na epístola de Paulo aos Romanos 1,18-33. Bonita de corpo e de rosto, mas podre de alma, não hesitou até o fim em vingar-se, destruir, roubar e apossar-se. Desprovida de sensibilidade e sentimentos usou quanto quis, quantos quis e como quis. De tão bonita que era, enfeitiçava as pessoas e elas não viam a podridão escondida dentro daquele coração. Outras novelas mostraram a podridão de políticos populares e encantadores, mas corruptos e corruptores. E há os religiosos que também remaram em mares de corrupção e violência e de dinheiro, enquanto invocavam o nome de Deus. *** Frutos podres em árvore sadia> É o drama do ser humano. Alguns são como fruta sadia por dentro e por fora. Outros parecem sadios por fora, mas por dentro estão podres. E passam por frutos sazonados. Mas basta abri-los para ver o que são. Não é por menos que João Batista e Jesus começam suas pregações propondo mudança de atitudes! A falta de coerência é um dos maiores dramas do ser humano. E é bom que admitamos que também nós nem sempre somos quem dizemos ser! *** Quedas e escorregões > Cair é contingência. Um dia, todos, caímos e escorregamos, de leve ou pesadamente. Então, é melhor que sejamos introduzidos à catequese do cair. Saber cair é sabedoria. Atletas aprendem a cair, o pára-quedista recebe lições de cair do jeito certo, patinadores, fundistas, bailarinos e jogadores das mais diversas modalidades sabem cair. Há quedas que fazem parte do jogo ou do caminho. Há outras que poderiam ser evitadas. Muitos caem porque queriam cair. Outros, não contavam com o tombo. Faltou quem os prevenisse. Não se anda por caminhos escorregadios sem os devidos cuidados… Mas, de todas as quedas, a provocada pelo orgulho é a pior. O sujeito foi avisado, mas seu orgulho era tanto que achou que com ele não aconteceria.É para ele, principalmente a sentença: “Quem está em pé, cuide-se para não cair!”Ninguém conduza o outro para a ruína. (MT 15,14)O orgulhoso,porém, não cai: estatela! *** Alteridade circunscrita > Vício é o que se torna a proximidade com o poder. Aquele governante guerrilheiro que desceu vitorioso da montanha e, após expulsar um tirano de direita do poder, governou como tirano de esquerda por 50 anos, tinha o vício do poder. Muito simpático e excelente comunicador convenceu muitos da sua ideologia e a outros ingênuos de que era um libertador. Mas as mortes que provocou e os amigos que deixou apodrecer no cárcere enquanto recebia ovações por onde andava, contavam histórias sobre sua alteridade circunscrita. Bom era quem aceitava sua liderança. Mau era quem desafiava suas ordens. E quando os projetos não davam certo a culpa era dos de fora… Só a doença o derrubou. Mancomunado > O senador que foi líder por quase 50 anos no seu estado e no país e conseguiu fazer do seu estado, cheio de praias, de mar, de lugares de turismo, de verde e de rios o estado mais pobre do país, tinha um vício, mercê o qual vivia: estar no poder. Foi fraco e incompetente nos seus governos. Não tinha pulso nem vocação para timoneiro, mas queria desesperadamente o posto. Uma vez lá, não sabia produzir riqueza, nem trabalho, nem assessorar-se de técnicos e políticos competentes. O vício do poder faz a pessoa pensar que sem ela, o país ou a cidade parariam. Com elas, porém, seu povo dá marcha ré! O pouco bem que espalha não justifica o grande mal que costuma causar. Midia e poder > Em si mesma a mídia já é um poder. Faz cabeças e corações. Persuade e ocupa vidas. Está onde nem igrejas nem governantes chegam. Novelistas, repórteres, animadores de rádio e televisão, artistas e cantores chegam mais perto do povo que pregadores e políticos. Há poder e perigo na mídia. Maravilhosa por alguns ângulos, por outros, ela é cavilosa. Quando se juntam mídia fácil e superficial com espetáculos superficiais e religião superficial, o que sobra é lagoa rasa. Quem mergulhar sairá de cabeça esfolada. Um perpassar e um girar de canais mostrarão, com raras exceções desfiles de mulheres bonitas, mas sem profundidade; novelas e histórias de violência e agressão, sem o cuidado de mostrar seus efeitos devastadores; verá o espetáculo pelo espetáculo. Nos mesmos meios há doutrinas sérias, mensagens sérias e gente séria, mas tudo aparece no meio de cenas, conversas e shows de superficialidade que assusta. É como ter que procurar pedras preciosas num mar de cascalhos. Escolher o apresentador, o artista, o pregador, a cantora, é sinal de maturidade. Saber desligar e mudar de canal é sabedoria. Quem deseja comprar cultura não vai ao açougue. Quem quer religião não se liga em qualquer pregador.
                                             Texto tirado do sati oficial do Pe.Zezinho, scj.

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