Todo
pregador da fé deveria começar sua pregação dizendo como sua igreja vê Jesus e,
depois, acrescentar sua experiência e dizer como ele o vê. Um é o consenso das
igrejas e outro, não poucas vezes, é o ponto de vista do pregador. Nem tudo o
que se ouve no púlpito é doutrina de consenso da Igreja. O pregador às vezes extrapola. Duvido
que uma Igreja colocasse nas suas liturgias uma prece “para que Deus possa
abençoar” alguém. Não há igreja que não saiba que Deus pode abençoar. Mas há
pregadores que insistem nessa fórmula. Então, segundo ele, Deus precisa de
nossa prece para que Ele consiga, não se sabe com quem, o poder de abençoar.
Sua igreja jamais ensinariam isso!
Escrevi
um livro com o título “Um Rosto Para Jesus Cristo”. Nele, abordo o fato de que
os pregadores já deram tantos rostos a Jesus que fica difícil saber como ele de
fato era. Podem parecer brincadeira ou firulas de teólogos os debates sobre
detalhes de Jesus, mas foi e é coisa séria para quem crê em Deus. Não é apenas
questão de um “i” a mais no meio de homo-ousious, ou de um tau ou um delta para
classificar a maternidade de Maria a mãe do Cristo. Theodokos ou Theotokos. Na
pregação estava embutida toda uma ideia sobre Jesus. Entre Clemente e
Tertuaiano, Atanásio e Ário, Cirilo e Nestório, venceram Clemente, Atanásio e
Cirilo. Hoje seguimos estes três e outros como Gregório de Nissa, Basílio de
Cesaréia e Gregório de Nazianzo com os devidos adendos que a teologia foi
aprofundando. Mas a maioria dos cristãos não tem noção do que significaram
aqueles debates. O fato de um ponto de vista vencer não faz do que perdeu um
bandido da fé. Havia sinceridade naquela busca de explicação do mistério de
Deus em três pessoas, da quais uma se encarnou.
Por
isso, triteismo, trinitarismo-unitário, adocionismo, apolinarismo, arianismo,
nestorianismo, subordinacionismo, Jesus apenas humano, o Filho que foi criado
pelo Pai, Deus Filho que veio depois, duas pessoas e duas naturezas, uma pessoa
e duas naturezas, pessoas ou naturezas dissociadas na cruz… foram debates que
sacudiram o império romano bizantino. Os bispos se dividiam entre um lado e
outro e até o imperador discutia teologia. Aquelas divisões traziam problemas
para a politica do império, como, mais tarde a política do império veio a ferir
a unidade da Igreja.
O
que hoje ouvimos na mídia, nos púlpitos e nas grandes concentrações não é novo.
O “Jesus-me-disse” dos pregadores nem sempre é o Jesus dos cristãos. É o dele!
Texto escrito por/ Pe.
Zezinho-scj, tirado do site do Padre.
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